quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Carta de um Capitão

Caro Dostoievski,

Sempre quando acordo ao toque da alvorada, ouço risos ensaiados vindo do seu buraco. Ops, última forma! Do seu quarto.

Então marcho em direção a minha porta e o vejo com caras e bocas a falar com o seu outro, parecendo estar em ordem unida.

De forma clara e positiva confirmo você rosnar e gritar parecendo que irá para um duro combate. Vibro daqui de minha trincheira. Chego a roer-me os dentes com sua bravura.

Mas eis que em seu último gesto: “Plaft!” Murcharam você e o seu outro.

Ratifico – sem trocadilhos com a minha pessoa- que se faz de pulha. Um covarde. E como diz o ditado, “aos covardes, nem em pesadelo, à vitória”.

Devo partir agora. Subestimarei alguns gatunos, subjugarei alguns vermes. Mas não hesitarei em nenhum momento as minhas ações.

Sem mais nem longas,

O Rato Capitão.

[carta ao personagem "Dostoievski", de Flamarion Silva, no livro "O Rato do Capitão", no conto homônimo; pag 49 -52]

2 comentários:

Anônimo disse...

É, parece qu você entende bem o que é ser contaminado pela escrita de Dostoiévski. Impossível lê-lo e não sair afetado. O meu conto, Kleitman, foi o resultado da leitura de um conto dele: "A propósito da Neve Fundida", que faz parte da antologia "Memórias do Subsolo", excelente.
Grande abraço e obrigado por fazer alusão ao meu continho.

Cata tudo disse...

Gostei desse jogo com o personagem de Flamarion

bem legal!!

JAn e meu novo blog!!=/

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