domingo, 22 de fevereiro de 2009

Poema de uma vida encantada

Nasci na Rua 13, no Garcia,
E Do índio era o dia,
Eu sou o segundo
De quatro brotos fecundos.

Esse bairro não me tem na memória
Não tive lá os meus momentos de glória
Pois aí não vivi muito tempo
Lá se vão de muda meus pais e os rebentos
Amaralina era o novo endereço
Local este que tenho até hoje muito apreço.

Na ocasião rebentos eram dois
Outro casal viria depois
Já disse: o segundo de quatro
Mas por enquanto isso não vem ao caso.

“Cadinha” foi a primeira
Eu, segundo, novo mimado
Infância sem ‘eira nem beira’
Brigávamos e brincávamos como cão e gato.

Pequeno era eu e curioso
Nada podia estar à toa
Tudo era fora do meu alcance
Que diga o laxante e a Q-boa!



De pequeno via tudo por um buraco.
E não era de fechadura, não!
É quando ficava sentado
Num imenso varandão.

Via passar carros aos montes,
E eu já sabia todos os nomes:
Fusca, Fusquinha, Fuscão,
Dodge, Kombi,Variant e Opalão!

Era um menino de muitas coleções:
Bolas, carrinhos, Falcons, aviões.
E imaginações em efervescência:
De goleiro a soldado, da pintura a ciência.

À medida que fui crescendo,
Vivia de estripulias e diversão.
No
playground subia e descia:
Picula, babás, esconde-esconde e garrafão.

Estudei em colégio de freira,
No exército,Curso profissionalizante.
Ambientes pra lá de eletrizantes!

No primeiro passei por vários tormentos:
Dancei quadrilha, fiz catequese e até juramento!
Tudo isso sob vigilância na porta
Das Irmãs Cecília, Maria Helena
E da Madre Irmã Rocha.






Um “break” Aqui eu faço
Pra voltar à família minha:
‘Kleitão’ chegou no pedaço,
É o mais novo caçulinha.





Aprendi muito no colégio “milico”
Não foi só rigidez, hierarquias e marchar.
Mas tive organização, disciplina e afinco
Isso hoje me vem muito a calhar.









E com a juventude aflorando,
Vinha também o desejo.
Mas com as meninas circulando.
Ainda era só sorriso e gracejo.
Quando se dará o primeiro beijo?

Mas como tudo tem sua primeira vez
Comigo não foi diferente.
A não ser pelo fato
De não ter sido o pretendente.

Calma, eu vou explicar!
Foi uma grande amiga minha
Cativado pela minha alegria
Veio a mim se declarar!

Mas nem beijar eu sabia...
Como é que agora eu faço?
“Fique tranqüilo” - mui amiga!
Ela deu o primeiro passo.





Família completa enfim,
Eis que aparece lampeira,
Raspando o tacho até o fim,
"Mila", a caçula “faceira”.


Voltando a falar de escola
Agora vem “parada dura”...
É Projeto de álcool, é Semana da Cultura.
É Estágio, é Formatura.

Com a química eu tive
Meu primeiro trabalho.
O sonho rebento de cientista
Foi realizado no ato.

No Pólo onde fui parar
Muitas ‘carretas’ e ‘tancagem’.
Fim de semanas perdidos,
Mas, nas folgas, muita vadiagem.

Trabalho de turno
Não é mole, não!
Zero hora mata sapo,
Estagiário e peão!

Foram 10 anos nessa atividade
E depois disso tudo
Comecei a pensar em faculdade...

Nesse meio tempo,
Que beleza!
Um de meus maiores passatempos
Era estudar a língua inglesa!

A química já tinha me dado
‘Régua e compasso’
Agora é tempo
De galgar outros passos.

Vou fazer outro break, um tantinho
Pra falar de amor, bem rapidinho...

Não tive muitos, eu sei
Mas, no tempo deles, vivi como Rei.
Cada um de um jeito diferente,
Preencheu e marcou o coração da gente.

Saudades eu tenho; e não são poucas,
São daquelas do tipo que dão água na boca!

Já chega de amor.
Então, peão,
Voltemos ao labor!

O pólo era tempos idos,
Na UFBA era o presente ato.
Foram em 4 anos de estudo
Que fiz meu bacharelado.

Em meio a muita labuta,
Eis que a sorte bate na porta:
Surgiu uma oportunidade
De viajar pra Europa.

Lá nem muito tempo fiquei.
Mas toda experiência é bom fardo,
E um bom filho, que sei
Sempre a casa é retornado.

Agora sou professor
Toco outra “partitura”
Não é que voltei à faculdade
Pra fazer licenciatura?

Vou parando por aqui
Por que já escrevi demais
Quer saber quem eu sou
Não se avexe, chegue mais!

Nada que fiz eu me arrependo.
Pois vivi com alegria,
Esses doces momentos.
Que contarei - quem sabe, um dia -
Aos meus futuros rebentos!



PS: [Como a vida que continua, / este poema não acaba assim./ Vindo ao mundo novos fatos,/ eu conto tim-tim por tim-tim...]

2 comentários:

Jan Góes disse...

Um pedaço sempre marca
Um pedaço sempre é a marca
Um pedaço da vida que traça


legal a retro
abrços

Anônimo disse...

Parabéns pelo poema, realmente é muito lindo, mais lindo ainda era vc pequenino!rsrsrs... vc ainda é lindo por dentro e por fora. Bjs.

cbm/broia.

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