De Lovelace ao ‘Rebolation’

Não sou muito das antigas. Mas me lembro que eram excitantes aqueles catálogos de lingerie que a gente arranjava escondido pra ver as modelos “vestidas”.

Hoje tudo mudou (que clichê!). Está quase pelo avesso. Perder a virgindade era num prostíbulo. Agora basta usar a pulseirinha do sexo.

Filmes ‘impróprios’ na minha época eram Pork’s I, II, III. O máximo que a gente via gemidos e calcinhas penduradas no vestiário. ’Garganta Profunda' era clássico, motivo pra assistir atriz Linda Lovelace de galera.

Com a internet e os celulares de última geração, você pode assistir sua vizinha ou até se reconhecer na rede numa atitude comprometedora hoje em dia.

Enquanto escrevo isso, estou ouvindo ao longe “bla bla bla bicicletinha/eu quero ver sua calcinha”. Mulheres são tripudiadas nas letras de músicas. Que saudade do Tunai, e da Joice. Sim, não vou muito longe não!

Hoje, nesses ‘Rebolations’ da vida, a mulher paga peitinho, paga calcinha, paga o que você quiser. Ou melhor, isto tudo está quase de graça.

E essas mulheres se acham valorizadas. Elas são nota DEZ. Em verdade, dez-frutáveis. Tem uma feira pra isso: melancia, maça, morango, filé, jaca, e por ai vai...

Lembrei-me do artifício que a sogra fazia pra a futura nora mostrar a tornozeleira para o futuro marido na novela Caminhos das Índias... Era um procedimento e tanto!

Não quero ser saudosista, mas lembro de meu avô dizer uma canela à mostra tinha seu charme. Um decote, uma costa nua; um olhar, uma cantada, a conquista estão sendo deixadas de lado.

Enfim, vivemos um momento em que tudo se mostra mais explícito e imediato. Mais frívolo e vulgar.

Hoje Linda Lovelace é ativista contra a pornografia. E eu ainda sonho um dia encontrá-la numa feira livre.

Não! Não está tudo acabado. Ainda. Sonhar não custa nada!