sábado, 10 de abril de 2010

TEORIA DOS POLISSISTEMAS (T.P.)


TEORIA DOS POLISSISTEMAS (T.P.)

BREVE HISTÓRICO
Em meados dos anos 70, um grupo de literatos russos trabalha num conceito de polissistema: um modelo geral para conhecimento, análise, descrição do funcionamento e evolução do sistema literário.

Sua especifica aplicação é na área de literatura traduzida.

A origem do modelo de polissistema e o trabalho de Itamar Even-Zohar

• Itamar Even-Zohar - árabe (Tel Aviv) – utilizou o polissistema como modelo para os estudos da literatura hebreu.

Somando isso a... Estudos dos formalistas russos ... Gerou uma boa introdução das idéias formalistas russas na língua inglesa.

• Tynjanov – russo – promoveu a noção de sistema – estrutura 'multi-ladeada' de elementos que se relacionam e interagem entre si.

Essa definição ficou flexível demais para explicar os fenômenos em vários níveis.
Porém, a larga fundamentação de seu trabalho evoluiu para o que se define como a “mutação dos sistemas”.
A TEORIA
O estudo do fenômeno semiótico como sistema facilitou hipóteses de como diferentes grupos (semióticos) operam, sejam eles de fenômenos “conhecidos ou não”.

Esses estudos, porém, não foram unificados, e essa abordagem funcionalista tomou vários rumos.

O fracasso para distinguir esses rumos deu não só uma idéia errônea dos respectivos projetos, mas também a apreciação do que fundamentalmente eles foram designados a cumprir, principalmente no que tange o que nos interessa:

Teoria Estática Dos Sistemas X Teoria Dinâmica Dos Sistemas.
O termo polissistema surge para enfatizar a natureza dinâmica dos sistemas e distanciar da tradição de Saussure. Para a tradição Saussuriana, o sistema é uma rede estática (sincrônica) de relações com as quais os valores de cada item é uma função especifica relação a qual ela pertence.

 Polissistema – um conglomerado de (ou sistema) de sistemas heterogêneos e hierarquizados que se interagem para o avanço no dinâmico processo de evolução no próprio (poli) sistema como um todo.

A essência do conceito de polissistema é que os vários extratos e subdivisões quem fazem parte de um dado polissistema estão constantemente competindo entre si a fim de predominar uns aos outros.

Existe uma tensão contínua entre o centro e a periferia dos polissistemas quando se trata de diferentes gêneros literários: canônico, não-canônicos; grandes, pequenos; obras de arte, arte popular; etc.

Polissistema: teoria e tradução
Zohar reconhece a limitada relação entre um aparente texto traduzido de um determinado polissistema e sua situação periférica.

Mas, uma vez estabelecido esse processo, ele consegue determinar três circunstâncias que a literatura traduzida pode ocupar uma posição central:

1. Uma literatura ’jovem” não tem seu processo de estabilização cristalizado dentro de um polissistema. No caso de uma literatura traduzida ela passa a ser um importante sistema, como uma literatura emergente que reflete a outra;

2. Quando a literatura de pequenas nações é considerada ‘periférica’ e ‘fraca’, a literatura traduzida pode ocupar a posição central em um sistema. Ex: Na Hungria não existia literatura de ficção científica, tiveram que importar até criarem seu próprio modelo;

3. Quando por algum motivo há uma estagnação na história, um vácuo de idéias, é à literatura traduzida que recorremos para a produção de novos modelos.

É inevitável dizer que as formas que a tradução é praticada numa dada cultura são ditadas pela posição que a literatura ocupa dentro daquele polissistema.

Este novo critério nos leva a definição mais aberta sobre a própria definição de tradução, deixa de ser baseadas em conceitos teóricos prescritivos e se torna uma abordagem fundamental não-prescritiva que nos leva a três importantes insights:

1. Visão da tradução – agora como fenômeno de transferência intersistêmicas.

2. Conceito de tradução – não se prender mais a conceito de Equivalência, e estar livre para a entidade existente no polissistema-alvo ( The Target-Oriented Approach).

3. Procedimento de tradução – texto-alvo não mais como produto de seleções lingüísticas, mas uma bem elaborada sistematização de uma variedade de tipos.

As vantagens de introduzir o conceito de polissistema para recolocar uma coleção mecanicista para aspectos a-históricos e extra-temporais não é indefensível.

Há uma clara diferença entre um aspecto que leva em conta alguns princípios importantes que governam fora da imposição do tempo e um que leva em conta como sistema tanto “por principio” como “pelo tempo”.

Uma vez admitido o aspecto histórico, isso irá implicar em duas condições:

i. Sincronia e diacronia – Pertencem a história. Mas uma identificação exclusiva desta última é inaceitável.

ii. Se a idéia de sistemicidade e estruturalidade necessitam não mais serem identificadas como homogeneidade, um sistema semiótico pode ser considerado como heterogêneo, uma estrutura aberta.

PROPRIEDADES GERAIS
O conceito de polissistema vem para tornar explicito a visão de um sistema dinâmico e heterogêneo em oposição à abordagem sincronicista (Saussure). Ele também enfatiza as múltiplas interseções e por isso a grande complexidade da estrutura envolvida.

Estratificação dinâmica e produto sistêmico
Na movimentação centrifuga X centrípeta, fenômeno que vai do centro e periferia e vice versa, uma coisa fica bem clara: as relações que se obtém no polissistema não levem em conta somente seu processo, mas também o porcedimento a nível de repertorio.

Extrato canônico e não-canônico
Canonicidade é um aspecto inerente de atividades textuais em qualquer nível. O fato que certos aspectos tendem, em determinados períodos, está em evidencia e com certo status, não significa que estes aspectos são “essencialmente” pertinentes a algum status.

Uma vez a canonicidade identificada em determinado grupo, este, ou adere as propriedades canônicas ou, se necessário, altera o repertório das propriedades a fim de manter o controle.

Sistemas X Repertórios X Textos
Num (poli) sistema, é no repertorio que a canonicidade está devidamente identificada.

Repertório convenciona-se como um agregado de leis e elementos (convenções e uniformidades) que regem a produção de textos.

Textos é obviamente o produto visível de um sistema literário, pelo menos em muitos períodos da historia.

Canonização estática e dinâmica
 Canonização estática – quando um determinado texto é aceito como um produto finalizado e inserido numa posição de textos de literatura santificada (culta) que desejam se preservar;
 Canonização dinâmica – quando um determinado modelo literário ‘negocia a sua estabilidade’ com um princípio produtivo num sistema através de um último repertório.
Uma vez modificado (reciclado) o texto não mais pode ser considerado produto finalizado, e sim um deposito de instruções, isto é, um modelo.

PRIMÁRIO X SECUNDÁRIO
É o que diz respeito à Inovação X Conservadorismo no repertório.

Quando um repertório é estabelecido e todos os modelos derivados pertencentes a esta são constituídos em total concordância com o que ele permite, nós estamos diante de um repertorio (sistema) conservadorista.

Por outro lado, a argumentação e reestruturação de um repertório pela introdução de novos elementos – e como resultado disso cada produto passa a ser menos previsível, são indícios (expressões) de um repertório (sistema) inovador.

Durante este processo, com o passar do tempo, modelos heterogêneos vão se familiarizando, tornando-se menos exigente, acomodados... se homegeneizando.

A tensão entre as opções primárias e secundárias são de extrema importâcia para a evolução de um sistema.

Vale a ressalva de não associarmos diretamente canonicidade ao nível primário, apesar de na história isto está bem representado na era do Romantismo.


INTRA- / INTER- RELAÇÕES
A T.P. promove hipóteses menos simplistas e reducionistas que quaisquer outras propostas, para as complicadas questões de como a literatura se relacionam com a linguagem, sociedade, economia, política, ideologia, etc.

Intra-relações
É quando num sistema, isomórfico em sua natureza e função, ocorrem intrínsecas relações de âmbito cultural, através de ferramentas de transmissão, via periférica, dentro de um polissistema.
Ex: Um sistema literário composto por texto, tradutor, editora, crítica, professor de literatura
;

Inter-relações
É aquela negociação com uma particular condição sob a qual uma certa literatura pode ser interferida por outra literatura, com o resultado disse propriedades são transferidas de um polissistema a outro.
Ex: Nos tempos idos, o latim dominava a Europa (um imenso polissistema). Com a passar do tempo, cada língua de origem latina foi se tornado um polissistema independente, se co-relacionado com o polissistema latino.

ESTABILIDADE E INSTABILIDADE: VOLUME DE UM SISTEMA.
Levando se em conta que a heterogeneidade uma das condições para existência (permanente atividade) de um sistema, e a proliferação uma lei universal valida no mesmo, este avalia constantemente seu inventario e suas alternativas.

Caso alguma condição ponha em perigo esse sistema, ele imediatamente tenta se adequar, criando um novo repertório.

Instabilidade não é sinal de mudança, nem estabilidade, de petrificação Mas Um sistema pode está em perigo quando ele fica incontrolável e por isso insustentável. E Um sistema incapaz de lidar com sua instabilidade está fadado ao colapso.

FONTE:
  • BAKER, Mona; MALMKAER, Kirsten. 1998, Routledge Enciclopedia al T.S. Pag. 176-177
  • EVEN-ZOHAR, Itamar. Spring 1990, International journal for Theory and Analysis of Literature and Communication; Volume 11, Number 1. Pag 09-26; 73-78.

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