O DIA QUE ELE VIU A COISA PRETA (março/2003)
Estava Ele e seu amigo Negrón se preparando para ir numa festa. Ele estava mais adiantado, no entanto Negrón, como sempre, adorava aprontar, deixar tudo pra última hora. Encontrava-se quase arrumado quando se lembrou do velho e básico perfume. Entra no banheiro, onde Negrón estava tomando uma ducha. Abriu o armário, deu umas esguichadas da fragrância escolhida, estava ajeitando a gravata borboleta, quando, de súbito, ouviu um gemido vindo do Box. Assustado e curioso foi verificar o acontecido. A neblina causada pelo vapor d'água deixava o vidro do blindex embaçado. Instintivamente, abriu e se assustou com o que viu:
“Que é isso Negrón?’
Negrón não ouvia. Só gemia:
“Ai... Não agüento mais... Eu vou... Vou... “
“ Negrón, que cabeça vermelha é essa?”
Negrón não estava em suas melhores condições:
“Ai! Ajude-me... Vem aqui... Não vou consegui sozinho... “
Ele agora mais do que afoito com aquilo tudo teve que tomar as rédeas da situação:
“Tire as mãos daí! Deixe que faço isso pra você!”
Em uma fração de segundos, parou antes do movimento preterido, E lembrou:
“Com um gelinho vai ficar bem melhor, não?”
Negrón já quase que apelando, sussurrou:
“Ôôô se vai...”
Com Negrón de volta na cama, os dois falavam sobre o sucedido:
“ Nunca pensei de isso acontecer com você. Putz! Você acabou comigo.” Disse Ele.
“ Que loucura! E eu nunca pensei de você ser tão ágil e rápido.” Arrematou Negrón.
Antes que aquilo se transformasse em uma bola de neve, ou em algo mais perigoso, Ele resolveu ligar para sua namorada e informá-la de tudo.
Ele tentou contar por telefone. Balbuciou, gaguejou. Ficou nervoso. E não saía nada. Isso só fez deixá-la mais preocupada.
Ela querendo mais detalhes do que foi advindo, veio rapidamente ao encontro dos dois:
“Conte-me tudo. Não esconda nada. Eu preciso saber”. Disse Ela enfática.
Ele dando-se conta da gravidade do problema, e temendo que aquilo fosse uma atitude impulsiva e equívoca de sua parte, começou a chorar diante da mulher que sempre amou:
“Vi aquilo na minha frente... Pulsando e vermelho... Parece que não tinha escolha... E fiz o que tinha que fazer... Ou o que eu achava... Desculpe, por favor, meu amor!... Foi quase que instintivo... “
Negrón vendo seu amigo ali sofrendo sozinho, tentou defendê-lo:
“Foi só um deslize de minha parte. Não irá acontecer mais. A culpa é toda minha.”
Ela, que estava ali, ouvindo tudo solícita, tratou logo de acalmá-los:
“Tudo bem. Vocês fizeram a coisa certa. Ainda bem que fui a primeira a ser informada.”
Os três são amigos ainda hoje. Ele e Ela até se casaram. Mas, aquele episódio jamais vai ser esquecido por nenhum deles. Mexeu muito com todos eles. Não sei por quê. E, depois daquilo, eles ficaram inclusive, mais unidos.
Tudo acabou bem naquele dia. Negrón levou oito pontos em um corte profundo, que sangrou muito, no lado direito da cabeça; no qual foram feitos os primeiros socorros ali mesmo, por Ela que era médica. O pior foi carregar Negrón até a cama. E, se Ele não colocasse gelo na hora, as conseqüências poderiam ser ainda maiores.
“É... Que ninguém saiba... Mas naquele dia eu vi a coisa preta!”
Relembrou Ele, agora tranqüilo.
MORAL DA HISTÓRIA: O perigo pode está em qualquer lugar... No banheiro... Ou na cabeça de cada um.
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