Imenso jardim sem verde, sem folhas,
longa planície de esculturas mortas,
que a esmo recebe os beijos e afagos
do frio vento vindo de outros campos.
Imagem apocalíptica de deserto errante,
a grande cena borrada de tantos erros,
vergonha explícita dessa condição civilizada,
antropofágica, imbecil.
Inverno sem causas, frio plangente,
natureza corrompida, arrependimentos tardios.
A face petrificada do jardim plástico
quase eterno, indecente.
Morte que toca, agonia irônica
das flores que não têm perfume.
Jardim inodoro, feio, extenso,
lembrança do mal concebido.
Resplandecente sol,
que torna claro sua evidente existência
eis o jardim morto que rodeia os quintais.
Jardim que consegue sem vida vingar.
Eis afora o jardim,
imensa planície
de flores mortas
que vinga não na vida, mas vinga-se da própria vida.
Por Paulo Sousa
Um comentário:
Como eu ja te disse; você pode fazer Letras. Seja bem vindo ao grupo!
...
Sobre o poema: uma riqueza de detalhes que nos faz sentir "o jardim sem sentido", "o jardim de flores mortas".
Valeu!
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