quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Carta ao "João da Sintaxe":



Caro João,

Venho, através desta, avisá-lo que não quero mais servir de tema, de paciente pra você e nem pra seu amigo professor de Sintaxe.

Meu querido, seu signo lingüístico, e nem do zodíaco, já não batem mais com o meu. Faz anos - aqui o sujeito tempo bota indeterminado nisso!

É agente pra cá, a gente pra lá, eu viro objeto de um sujeito que nem mais sei quem é. Só sei que – pelo andar da carruagem – não será mais você. A minha meta é não ser mais paciente com você. Estão dizendo por aí que sou pra gramática, previsível, é isso aí. Ninguém merece.

Você no máximo quebra um copo ou uma perna. Eu já me suicidei, fiquei doente, já fui e já estive inteligente... O que você já me fez comer de bolo... Estou sofrendo alterações no meu léxico! Falando e vomitando, falando e vomitando. É dislexia! O médico me disse. Minha relação forma e conteúdo já foi pro espaço. Ninguém entende mais minha língua.

Você está quase sempre oculto e, às vezes, se sente não-realizado. Ainda vem o tal de Dr. Lucchesi fica dizendo que você é que paga a conta.

O que quero dizer, na verdade, é que você não possui predicados que me satisfaçam. Praticamente não existe! Você é um sujeito expletivo em minha vida.

Agora eu quero alguém cheio de argumentos, internos e externos. Que me coloque entre colchetes e me mostre toda a sua estrutura. Entende? Não terei mais voz passiva em relação a este assunto.

A partir de hoje serei apenas seu ponto final.

Sua eterna beneficiária, porém não mais destinatária,
Maria

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