Análise do poema galego - “Negra Sombra”- de Rosalía de Castro:
Negra Sombra
Cando penso que te fuches,
negra sombra que me asombras,
ó pé dos meus cabezales
tornas facéndome mofa.
Cando maxino que es ida,
no mesmo sol te me amostras,
i eres a estrela que brila,
i eres o vento que zoa.
Si cantan, es ti que cantas,
si choran, es ti que choras,
i es o marmurio do río
i es a noite i es a aurora.
En todo estás e ti es todo,
pra min i en min mesma moras,
nin me abandonarás nunca,
sombra que sempre me asombras.
Cando penso que te fuches,
negra sombra que me asombras,
ó pé dos meus cabezales
tornas facéndome mofa.
Cando maxino que es ida,
no mesmo sol te me amostras,
i eres a estrela que brila,
i eres o vento que zoa.
Si cantan, es ti que cantas,
si choran, es ti que choras,
i es o marmurio do río
i es a noite i es a aurora.
En todo estás e ti es todo,
pra min i en min mesma moras,
nin me abandonarás nunca,
sombra que sempre me asombras.
Comentários:
Pode-se começar destacando alguns aspectos físicos (estruturais) do poema. Este possui uma métrica rígida – praticamente todos os versos possuem sete sílabas métricas.
Entre as estrofes, os paralelismos vêm sob a forma de uma palavra:
[ Cando penso que te fuches,] (1ª estrofe)
...
[ Cando imaxino que es ida] (3ª estrofe)
...
[ Cando imaxino que es ida] (3ª estrofe)
Ou de uma expressão:
[negra sombra que me asombras,] (1ª estrofe)
[sombra que sempre me asombras.] (4ª estrofe)
Internamente também se confirma isto, na 3ª estrofe:[sombra que sempre me asombras.] (4ª estrofe)
[Si cantan, es ti que cantas, /si choran, es ti que choras, /i es o marmurio do rio /i es a noite i es a aurora.]
Suas rimas surgem de forma silábica,ida/brila;
choras / aurora,
Como também de ordem fonéticachoras / aurora,
assombras /o/ / mofa /O/;
moras /O//assombras /o/.
O uso da inversão valora ainda esta mesma a estrutura, o que chamamos de epanadiplose:moras /O//assombras /o/.
[En todo estás e ti es todo,]
Já em relação aos aspectos lingüísticos, a metáfora da sombra está mais que evidente, dirá que além de metáfora existe uma personificação da mesma, pois o eu-lírico dialoga com ela.O paralelismo mencionado no aspecto anterior baseasse na repetição de palavras e/ou expressões. É quando ocorre também o polissídeto:
[i es o marmurio do rio / i es a noite i es a aurora.]
...
[En todo estás e ti es todo, / pra min i en min mesma moras,]
Verifica-se também o jogo de oposição de palavras, dando a idéia de antíteses, como,...
[En todo estás e ti es todo, / pra min i en min mesma moras,]
fuches/ assombras;
ida/amostras;
brila/zoa;
sol/ estrela;
noite/aurora
ida/amostras;
brila/zoa;
sol/ estrela;
noite/aurora
Sob o aspecto histórico-cultural se pode confirmar um passeio por c várias temáticas: a temática costumista, quando a poesia revela a devoção do povo galego que vive, canta, chora e morre como “sombras” nas terras de Galícia.
A temática intimista surge quando o eu-lírico dialoga com essa mesma sombra e se dá um caráter biográfico ao poema. A autora reflete um problema que ela sente, mas que também é sentido por toda Galícia.
E porque não falar da temática amorosa? Um amor pátrio (regionalista) que resiste mesmo depois de morto, pois
En todo estás e ti es todo,
pra min i en min mesma moras,
nin me abandonarás nunca,
sombra que sempre me asombras.
Rosalía de Castro coloca essas sombras além de sua dúvida subjetiva. Ela consegue refletir um povo que se nega a abandonar a terra quando morre; um povo que quer regatar e transformar em mito essa cultura, que também tem sol, festa e alegria. Esta é idéia central deste poema.pra min i en min mesma moras,
nin me abandonarás nunca,
sombra que sempre me asombras.
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