quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Sobre o silêncio solitário de todos nós


Vivendo e Aprendendo II

Caro amigo Lucílio,

Em um mundo que vivemos solitários e tão sozinhos,  quero alerta-lhe sobre algo que me angustia. E que por muito achava um martírio que torturava, um vã ameaça que se prolongaria por anos a fio: o silêncio.

Falo – desculpe-me o paradoxo – do silêncio vazio e que torna o ar constrangedor. Este silêncio é irmão da solidão de todos nós. Não precisa evitar a urbe. Ela também é solitária.

Cada dia mais as pessoas amontoam-se de solidões distintas. E se reservam no direito de se refugiarem nelas, a fim de se sentirem mais seguras. Ledo engano meu caro amigo. Isto causa aquela tensão corrosiva, que amedronta, aprisiona, cala  a alma e o desejo do homem.

Acredito que o homem é feito de palavras, atitudes. Mas também de silêncio. Hoje me orgulho de estar assim, por vezes, reservado, absorto e sereno, de maneira contemplativa.

O silêncio, que se faz companheiro, conforta e regozija. Ele me tenta com sua repleta sabedoria, quando as palavras querem me estrangular, exasperar, fadigar a mim ou ao outro.

Busco a plenitude meditativa que me pertence. Sem arroubos ou imponderações. Agora e sempre. Rezo e prezo para que, se não todos, a boa maioria também consiga. Pois, meu nobre amigo, Enquanto na palavra o homem se faz grande, é no silêncio que ele se  eterniza. Passa bem!



Um "paralelo paradoxal" ao livro: 




Sêneca. 
Aprendendo a Viver. 
Porto Alegre: 
L&PM Pocket, 
2012 


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