Vivendo e Aprendendo II
Caro amigo Lucílio,
Em um mundo que vivemos solitários e tão
sozinhos, quero alerta-lhe sobre algo
que me angustia. E que por muito achava um martírio que torturava, um vã ameaça
que se prolongaria por anos a fio: o silêncio.
Falo – desculpe-me o paradoxo – do silêncio
vazio e que torna o ar constrangedor. Este silêncio é irmão da solidão de todos
nós. Não precisa evitar a urbe. Ela também é solitária.
Cada dia mais as pessoas amontoam-se
de solidões distintas. E se reservam no direito de se refugiarem nelas, a fim
de se sentirem mais seguras. Ledo engano meu caro amigo. Isto causa aquela
tensão corrosiva, que amedronta, aprisiona, cala a alma e o desejo do homem.
Acredito que o homem é feito de
palavras, atitudes. Mas também de silêncio. Hoje me orgulho de estar assim, por
vezes, reservado, absorto e sereno, de maneira contemplativa.
O silêncio, que se faz companheiro,
conforta e regozija. Ele me tenta com sua repleta sabedoria, quando as palavras
querem me estrangular, exasperar, fadigar a mim ou ao outro.
Busco a plenitude meditativa que me
pertence. Sem arroubos ou imponderações. Agora e sempre. Rezo e prezo para que,
se não todos, a boa maioria também consiga. Pois, meu nobre amigo, Enquanto na
palavra o homem se faz grande, é no silêncio que ele se eterniza. Passa bem!
Sêneca.
Aprendendo a Viver.
Porto Alegre:
L&PM Pocket,
2012
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