sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A EVOLUÇÃO DAS GÍRIAS – A PLURI (IN) UTILIDADE. (jul/2003)

Chega de gírias do tipo “Só!”, “Colé!”, e “E aí?” Que poderiam sugerir vários significados e interpretações. Hoje, uma gíria apenas, assume mesmo funções gramaticais diversas, e tomam lugar até de sinais de pontuação. É uma mutação preocupante à língua portuguesa.
Vejam a reportagem abaixo e comprovem.
Repórter:
Você gosta de futebol?
Ele:
- MEU[1], ultimamente não é MEU[2] forte, não.
Repórter:
- Mas se seu time perder, você se preocupa, não?
Ele:
- PÔMEU[3]! Só fala em crise MEU[4] só problema MEU[5] só coisa ruim MEU[6] Não dá MEU[7]
Ele parte para cima do repórter:
- Não faça mais isso MEU[8] me irritei M E U[9] tome MEU![10] mais MEU![11] e mais MEU![12]
Chega o policial:
- O que está acontecendo aqui MEU[13]
Ele responde:
- Eu posso explicar MEU[14]
Policial:
- Nada disso MEU[15], vai todo mundo em cana MEU[16].

Justificativas dos “MEU’s”:
[1] Em se tratando de uma reportagem, que o entrevistado foi interpelado na rua, com uma pergunta que mexeu com sua emoção, consideram-se duas hipóteses: um marcador conversacional (“Bem, ultimamente não…”) ou indo um pouco mais fundo um “suspiro literário” (“[suspiro] ultimamente não…”).

[2] Esse é o original pronome possessivo. Ilustrado aqui para você não esquecer de quem verdadeiramente ele é.

[3] Esse aqui remete a um caso singular. Ele age como um censor: Se você estivesse ouvindo esta entrevista, ele seria o bip; caso estiver lendo, como agora, ele funciona como os traços ou reticências que completam a palavra censurada. (Preciso dizer qual é a palavra?).

[4, 5,6] Aqui a primeira transformação: estes marcam pausa de breve duração entre termos da oração, ou seja, são vírgulas.

[7, 8] Expressam estado emotivo ou de chamamento: É o ponto de exclamação.

[9] indica suspensão da fala, interrupção das idéias ou pensamento. (veja que as letras estão um pouco separadas apenas para ajudar na interpretação, caro leitor). Simboliza as reticências.
[10, 11, 12] outro caso que abre duas possibilidades: pode ser o demonstrativo isso (“tome isso! Mais isso! E mais isso!…”) ou as onomatopéias dos filmes de Batman (“tome pow!… mais crash! E mais puff!”).

[13] Marca o tom da voz que se leva. Temos agora, o ponto de interrogação.

[14] Aqui o entrevistado tenta se explicar, pego em flagrante, contesta educadamente, com um pronome de tratamento. (poderia ser substituído facilmente por Senhor, não?).

[15] Pode encaixar-se no caso [4. 5 6] ou ser ponto e vírgula também,

[16] indica final de período, final de conversa: o ponto final.

NOTA 1: Ainda não foi encontrado nenhum caso de “gíria-dupla”, ou seja, de uma mesma gíria, em seqüência, representar funções distintas; veja abaixo:
O caso [3];
Ou ele seria
“PÔMEU!…” ou “PÔRRA MEU…”.
E nunca:
** “PÔMEU MEU”
Vale também para o caso[10, 11, 12].
Ou ele seria
“Tome MEU! Mais MEU! E mais MEU!” Ou “Tome isso MEU mais MEU e mais MEU”.
E nunca:
** “Tome MEU MEU Mais MEU MEU E mais MEU MEU”
Estudiosos acham que isso será uma forte tendência futuramente, mas ainda não dá para precisar quando entrará em uso.
NOTA 2: o tema do texto acima foi retirado de uma tribo específica, e não uma mera coincidência, MEU caro leitor.

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