sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O tempo urge… e surge pra quem vive!



O estar maduro

Hoje parei diante do espelho, e me observei às mudanças do tempo.

Fiquei pensando de como tudo isso chegou a mim.

Sou um homem feito de rugas, calvícies, cicatrizes- internas e externas. Mas também de alegrias, sortes e amigos.

Meus cabelos já não são tão loiros, nem fartos. Dos poucos que tenho, ainda alimento uma coleção gris.

Minha calvície se apresenta a cada dia mais aguda. Nem por isso me sinto menos belo.

Analisei tudo sem em nenhum momento recriminar, assustar, lamentar, e com aquela curiosidade lúdica que ainda seguramente guardo dentro de mim.


Confesso que hoje sou bem mais cuidadoso. E sei que também preciso ser.

Gosto e freqüento academia por prazer, não viso mais a vaidade excessiva, o elixir da juventude.

Não tenho mais aquele poder anti-cicatrizante dos jovens. Hoje construo atalhos. Alguns caminhos, não muitos, já conheço de cor.

Sei que algumas perdas agora geram ganhos mais tarde. Respeito e acredito muito mais nisso do que antes. Trago isso em meu favor.

Ouso e continuo insistindo naquilo que quero e vale à pena. Agora usando espertezas que a vida me ajudou a apurar.

Não como mais aquilo que comia antes, lógico. Porque também acentuei meu paladar.

Não me queixo de nada, mas brado às vezes. Escuto mais que ouço, contudo dou conselhos. Brigo, não! Discuto; e também respeito outros pontos de vista…

Filho ainda sou; pai, um dia. Nem isso não me faz menos maduro.

Vivo a cada dia como cada dia merece ser vivido. Nem último, nem primeiro. Todos devem ter a sua importância nessa minha trajetória.

Colecionando mais rugas, evitando mais cicatrizes, vivo esse “estar maduro” com a consciência de atitudes e exemplos – bons e ruins.

A existência pode ser breve, vã. A ação pontual. A maturação valora o sentimento que se internaliza, revigora e se multiplica.

Estar maduro “bem está” com a vida.

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