Não faz muito tempo, eu nasci e fui bem acolhido(a). Eu ainda lembro que mamava muito no peito de mãe.
Dormi em berço, em colo de pai, mãe, padrinhos, tios. Família grande, alvoroço com minha chegada. Ah, quantas fraldas molhadas!
Engatinhei como um(a) serelepe. Andar a distância de um sofá a mesinha: Orgulho de papai! Adorava ouvir muitas histórias dos mais velhos.
E as distâncias aumentaram. Aprendi a correr... Nadar no rio... A bola.... A Bicicleta. Infância inocente e feliz.
“Eu também já fui jovem um dia, sabia?”
Ficava encabulado(a) na frente de outros(as) meninos(as). Os bailes, as formaturas, as matinês. Eram brotinhos pra todos os lados!
Aprendi a andar de lambreta. Pegar o bonde. Meu Deus! Era tudo tão rápido.
Depois pedia a mão em namoro. Mais tarde, Tomava o compromisso: noivado. E aprendi que o casamento era pra dar continuidade a família...
“Tive filhos também, sabia?”
Não muitos como meus pais. Mas, hoje, penso que devo ter tido o dobro de trabalho deles.
Não entendia por que: menos filhos, mais cansaço. Não sentia o mesmo vigor dos meus velhos quando na mesma idade deles.
Meus filhos exigiam mais do que eu dos meus pais... Mudança dos tempos!
Aprendi de repente que as coisas foram ficando mais difíceis: As amizades, os parentes distantes; esse negócio de violência e drogas...
“Deve ser muito concreto nas cidades. Muito calor, a poluição!”
Mais ainda assim dei muito amor, respeito e educação. Fiz tudo e um pouco mais do que puderam fazer por mim.
Foram lutas diárias pra cuidar dos meus rebentos...
Sou vovô(ó). Meus netos e bisnetos me visitam, às vezes. E alguns nem me conhecem...
E, também, às vezes não sei onde estou. Às vezes me lembro dessas coisas, e não me lembro quem sou.
Faria tudo isso de novo, se fosse preciso. Diferente aqui e ali, se fosse preciso. Pois todo dia eu acredito que valeu a pena cheguar até aqui.
Para minha Vó Jeane
2 comentários:
Belissimo! Adorei!
Oi querido, passando e deixando meus cumprimentos e admiração!
B-Jos.
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